O relativismo, enquanto posição filosófica, defende que o
conhecimento é relativo ao sujeito que conhece ou a um ponto de vista. O
corolário do relativismo cognitivo é a suposição ontológica de que a realidade
não existe em si mesma, independentemente de um ponto de vista sobre ela. A
questão do ponto de vista põe-se com Merleau-Ponty, nos termos da
"fenomenologia da perceção": "Os "acontecimentos" são
recortados por um observador finito na totalidade espácio-temporal do mundo objetivo.
Mas se eu considerar este mundo em si mesmo, ele não é senão um ser indivisível
que não muda. A mudança supõe um certo lugar no qual eu me coloco e donde vejo
desfilarem as coisas; não existem acontecimentos sem alguém a quem eles
aconteçam e cuja perspetiva finita funda a sua individualidade". A
realidade é, portanto, relativa a uma perspetiva.
Também a questão, cara à
Sociologia, das relações entre o indivíduo e a sociedade põe-se, em termos
lógicos, do seguinte modo: o coletivo e o individual reportam-se a um ponto de
vista ou a uma perspetiva. Como observa Descombes, "reencontra-se a lição
de Rousseau: perante o estrangeiro, o corpo do povo torna-se um ser simples, um
indivíduo". Do ponto de vista das relações entre Estados, por exemplo, o
Estado não é visto como o conjunto dos cidadãos (o aspeto coletivo), mas como
um todo (o aspeto individual).
Em termos das correntes
sociológicas, o positivismo de Comte e de Spencer está marcado pelo
relativismo.
O holismo indica que o ponto de partida para o estudo da sociedade
deve ser a sociedade como um todo: verifica sua lógica especifica, seus
elementos componentes e a forma como eles se relacionam entre si, cada um
desses elementos é estudado separadamente. Dessa forma, a sociedade é uma
realidade maior que a soma ( ou a justaposição)
dos elementos parciais que a compõem. Por esse motivo, o indivíduo não é
um elemento sociológico, embora deva ser estudado pela sociologia. A visão de
conjunto, por outro lado, não pode se restringir a um único momento no tempo,
devendo abarcar também o conjunto da história humana: daí a preocupação com a historicidade. Aliás, para Comte, é o
fato de o ser humano ter história que o distingue dos outros animais. Não se
pode recriminar uma sociedade por ela não ser como gostaríamos que fosse, mas
deve-se compreender que cada sociedade tem suas próprias particularidades, que
correspondem ao seu momento histórico e a sua organização específica. Uma crítica
só é possível se a sociedade considerada não corresponder ás caracteristicas do
seu momento histórico: assim é que a
sociedade francesa do início do século XIX era criticável porque mantinha
hábitos beligerantes, teológicos e metafísicos, além de explorar
sistematicamente o proletariado.
A Lei dos Três Estados
A filosofia da história, tal
como a concebe Comte, é de certa forma tão idealista quanto a de Hegel. Para
Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da
inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Como Hegel ainda,
Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de
obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das
ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história. O
espírito não poderia conhecer-se interiormente (Comte rejeita a introspecção,
porque o sujeito do conhecimento confunde-se com o objeto estudado e porque
pode descobrir-se apenas através das obras da cultura e particularmente através
da história das ciências. A vida espiritual autêntica não é uma vida interior,
é a atividade científica que se desenvolve através do tempo. Assim como diz
muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da
história do espírito através das ciências".
O espírito humano, em seu
esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:
a) O estado teológico ou
"fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a
tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos,
Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.
b) O estado metafísico
substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao
vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo,
será explicada pela "virtude dinâmica"do ar (²). Este estado é no
fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror"
do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta
espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita
teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação
metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e
negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de
1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem
- reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem
conteúdo real.
c) O estado positivo é
aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos
últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela
noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em
descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os
fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca
diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos
permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se
seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo.
("Ciência donde previsão, previsão donde ação").
Acrescentemos que para
Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história
da nossa espécie, ela é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A
criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o
adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.
(²) São igualmente
metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do
"princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que
partem da noção de "alma".
vlw ajudo muito no meu trabalho '-'
ResponderExcluirvlw ajudo muito no meu trabalho '-'
ResponderExcluirValeu patrão, o mestre tava dificultando no trabalho de metodologia
ResponderExcluiropa ok meu amigo. que bom que te ajudou... parabéns ai na conclusão do seu curso. sucesso sempre...
Excluirobrigado ajudou muito, tmj mestre
ResponderExcluirVlw mestre, ajudou muito.
ResponderExcluirok meu amigo que bom que ajudou vc. bom sorte ai e sucesso sempre...
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