quarta-feira, 2 de março de 2022

história da matemática

 

História da Matemática

 

 

Professor Lemuel @lemuelfreire   canal no youtube: história família e pescarias

A Matemática, como a conhecemos hoje, surgiu no Antigo Egito e no Império Babilônico, por volta de 3500 a.C.

Porém, na pré-história, os seres humanos já usavam os conceitos de contar e medir.

Por isso, a matemática não teve nenhum inventor, mas foi criada a partir da necessidade das pessoas em medir e contar objetos.

Como surgiu a matemática?

A matemática surge a partir da relação do ser humano com a natureza.

Na pré-história, o homem primitivo necessitava medir a distância entre fontes de água ou para saber se seria capaz de capturar um animal, etc.

Posteriormente, a partir do momento em que se tornou sedentário, precisou saber a quantidade de alimentos que necessitaria para comer. Também deveria entender como e quando ocorriam as estações do ano, pois isso significava saber em que época deveriam plantar e colher.

Desta forma percebemos que a matemática nasce com a própria humanidade.

Origem da Matemática

No mundo ocidental, a Matemática tem sua origem no Antigo Egito e no Império Babilônico, por volta de 3500 a.C.

Ambos os impérios desenvolveram um sistema de contagem e medição a fim de poder cobrar impostos dos seus súditos, organizar o plantio e a colheita, construir edificações, entre outras funções.

Outros povos americanos, como os incas e astecas, também criaram um sistema de contagem sofisticado com os mesmos objetivos.

Matemática no Antigo Egito

A história do Egito está intimamente ligada com o rio Nilo, pois o povo egípcio precisava aproveitar as vantagens das suas cheias.

Assim, é ali que se desenvolveram modelos para determinar o tamanho das terras. Para isso, eles usaram partes do corpo humano para estabelecer medidas como os pés, o antebraço e o braço.

Igualmente, elaboraram uma escrita onde cada símbolo correspondia 10 ou a múltiplos de 10. Importante lembrar que este sistema corresponde aos dez dedos que temos nas mãos.

Observe abaixo o sistema de numeração egípcia:

Numeração egípcia

Os egípcios empregaram a matemática para observar os astros e criar o calendário que usamos no mundo ocidental.

A partir do movimento do Sol e da Terra, eles distribuíram os dias em doze meses ou 365 dias. Igualmente, estabeleceram que um dia tem duração aproximada de vinte e quatro horas.

Matemática no Império Babilônico

A formação da matemática na Babilônia está ligada à necessidade controlar os impostos arrecadados.

Os babilônicos não utilizaram o sistema decimal, pois não usavam apenas os dedos das mãos para contar. Eles se serviam das falanges da mão direita e continuavam a contagem na mão esquerda, e assim contabilizavam até 60.

Este sistema é chamado sexagenal e é a origem da divisão das horas e dos minutos em 60 partes. Até hoje, dividimos um minuto por 60 segundos e uma hora, por 60 minutos.

Por sua vez, os babilônicos criaram um sistema de numeração cuneiforme e o escreviam os símbolos em tábuas de argila.

Veja a tabela abaixo com números babilônicos:

Numeração babilônica 

Matemática na Grécia Antiga

A matemática na Grécia Antiga engloba o período do séc. VI a.C. até o séc. V d.C.

Os gregos usaram a matemática tanto para fins práticos como para fins filosóficos. Aliás, um dos requisitos do estudo da filosofia era o conhecimento da matemática, especialmente da geometria.

Eles teorizaram a respeito da natureza dos números, classificando-os em pares e ímpares, primos e compostos, números amigos e números figurados.

Desta maneira, os gregos conseguiram fazer da matemática uma ciência com teoria e princípios. Vários matemáticos gregos criaram conceitos que são ensinados até hoje como o Teorema de Pitágoras ou o Teorema de Tales.

Matemática na Roma Antiga

Os romanos continuaram a aplicar todas as descobertas dos gregos em suas construções, como os aquedutos, na enorme rede de estradas ou no sistema de cobrança de impostos.

Os números romanos eram simbolizados por letras e seu método de multiplicação facilitou o cálculo de cabeça. Atualmente, os números romanos estão presentes nos capítulos de livros e para indicar os séculos.

Veja abaixo os algarismos e sua equivalência escrita em números romanos:

Números romanos

Matemática na Idade Média

Durante o período conhecido como Alta Idade Média, a matemática foi confundida com superstição e não era um campo do saber valorizado pelos estudiosos.

No entanto, isso se modifica a partir do séc. XI. Por isso, longe de ser uma "idade as trevas", neste período os seres humanos continuaram a produzir conhecimento.

Um dos mais destacados matemáticos foi o uzbeque Al-Khowârizmî, que traduziu as obras de matemática dos hindus para a Casa da Sabedoria, em Bagdá. Suas obras popularizaram entre os árabes os números como os escrevemos hoje.

Acredita-se que os comerciantes árabes os apresentaram aos europeus através de suas transações comerciais.

Idade Moderna

Na Idade Moderna, foram estabelecidos os sinais de adição e subtração, expostos no livro "Aritmética Comercial" de João Widman d'Eger, em 1489.

Antes, as somas eram indicadas pela letra "p", da palavra latina "plus". Por outro lado, a subtração era sinalizada pela palavra "minus" e mais tarde, sua abreviação "mus" com um traço em cima.

A matemática acompanhou as mudanças que as ciências passaram no período conhecido como Revolução Científica.

Um dos grandes inventos será a calculadora, realizada pelo francês Blaise Pascal. Além disso, ele escreveu sobre geometria no seu "Tratado do Triângulo Aritmético" e sobre fenômenos físicos teorizados no "Princípio de Pascal", sobre a lei das pressões num líquido.

Igualmente, o francês René Descartes contribuiu para o aprofundamento da geometria e do método científico. Suas reflexões ficaram expostas no livro "Discurso do Método", onde defendia o uso da razão e da comprovação matemática para chegar à conclusões sobre a causa dos fenômenos naturais.

Por sua parte, o inglês Isaac Newton descreveu a lei da gravidade através dos números e da geometria. Suas ideias consagraram o modelo heliocêntrico e até hoje são estudadas como as Leis de Newton.

A teoria da relatividade supôs uma nova perspectiva sobre a compreensão do espaço, do tempo e mesmo do ser humano.

 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

missão artística Francesa no Brasil

 

No início do século 19, os exércitos de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, D. João VI, rei de Portugal, com apoio dos ingleses, decide partir para a colônia com toda corte, transferindo assim o poder de Portugal para o Brasil.

Em 1808, chega no País a comitiva real, primeiro na Bahia, logo depois, no Rio de Janeiro. A sede da corte foi instalada no convento do Carmo. O prédio foi devidamente reformado e adaptado, e sua capela foi transformada em teatro e sala de concertos.

D. João VI, preocupado com o desenvolvimento cultural, trazia na bagagem todos os recursos para a transformação da nova metrópole. O rei, adaptado à nova sede do Reino, quis modernizá-la. Construiu o Teatro São João, em 1812, liberou o comércio, os portos, as fábricas, as tipografias e a importação de livros. Organizou a Biblioteca Real (60 mil volumes), criou o Observatório Astronômico, o Jardim Botânico e o Museu Nacional.

Na Europa, o Império de Napoleão perde o poder e ele é exilado, em 1814. D. João contrata alguns artistas franceses que desejavam sair da França, pois tinham apoiado Napoleão.

Nesse momento, o Brasil recebe forte influência cultural europeia, intensificada ainda mais com a chegada de um grupo de artistas franceses, em 1816, encarregado da fundação da Academia Imperial de Belas Artes, inaugurada em 1826, na qual os alunos poderiam aprender as artes e os ofícios artísticos. Esse grupo ficou conhecido como Missão Artística Francesa. Chefiada por Jacques Le Breton, que dirigia a Academia Francesa de Belas-Artes na França, traziam a modernização desejada pelo soberano. Vieram pintores, escultores, arquitetos, músicos, artesãos, mecânicos, ferreiros e carpinteiros.

Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam, esculpiam e construíam à moda europeia. Obedeciam ao estilo neoclássico, ou seja, um estilo artístico que propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da Antiguidade e do Renascimento. O artista não deve imitar a realidade, mas tentar recriar a beleza ideal em suas obras, por meio da imitação dos clássicos.

Embora os brasileiros tenham reagido desfavoravelmente à invasão de artistas estrangeiros, pois se tratava de uma nova colonização cultural, esses deixaram uma profunda influência na arte brasileira, principalmente na pintura, na paisagem urbana e na arquitetura.

No campo da arquitetura a Missão Francesa desenvolveu o estilo Neoclássico, abandonando os princípios do barroco colonial português.

Grandjean de Montigny (1772-1850) foi arquiteto e responsável pela edificação da Academia Imperial de Belas Artes. O prédio que era localizado na Rua do Ouvidor foi demolido em 1930, onde hoje se encontra o Museu Nacional de Belas Artes. Do prédio original, restou apenas o frontão, que se encontra no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que fora preservado e transportado para o parque nos anos 40 por insistência de Lúcio Costa.

Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) foi pintor francês de grande destaque na corte de Napoleão Bonaparte e considerado um dos mais importantes da Missão Francesa. Em 1773 ele foi aluno de Louis David na Escola de Belas Artes de Paris. Em 1805 foi escolhido, com outros pintores, para retratar as campanhas de Napoleão na Alemanha. Com a queda do imperador, ele escreve à rainha de Portugal solicitando-lhe o apoio, com o objetivo de serem contratados ele e seus companheiros, por não se sentirem seguros na França devido às perseguições políticas, dessa forma, em 1816, ele viaja com sua família para o Brasil como integrante da Missão Artística Francesa. Durante os cinco anos que residiu no País, ele produziu inúmeros quadros com diversos temas: bíblicos, mitológicos, históricos, paisagens e retratos infantis. Deixou mais de 30 paisagens do Rio de Janeiro, ainda atuou como um dos fundadores da Academia Imperial de Belas Artes, e em 1820, é nomeado professor da cadeira de pintura de paisagem da Academia. Deixa esse cargo no ano seguinte e retorna à França.

Jean-Baptiste Debret (1768-1848) foi chamado de “a alma da Missão Francesa”. Ele foi desenhista, aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e, em 1829, organiza a primeira exposição de arte no Brasil. Em 1818, ele trabalhou no projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da aclamação de D. João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarve. Mas, é em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações, que ele retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente ideia da sociedade brasileira do século XIX.

Auguste-Marie Taunay (1768-1824) foi escultor e professor francês, irmão do pintor Nicolas-Antoine Taunay, além de diversas esculturas, ornamentou o Rio de Janeiro para as festas de Aclamação de D. João VI como Rei de Portugal, Brasil e Algarve.

Nesse período também vieram para o Brasil outros pintores motivados pela paisagem luminosa e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. É nessa perspectiva que se situa alguns artistas europeus independentes da Missão Artística Francesa, que destacamos a seguir.

Thomas Ender (1793-1875) foi pintor austríaco, pertenceu à Missão Artística Austro-Alemã, um grupo de artistas e cientistas que acompanharam a princesa Leopoldina em sua viagem para o Brasil a fim de se casar em 1817 com o futuro imperador Dom Pedro I. Apesar de dominar várias modalidades de pintura, destacou-se como aquarelista. Acompanhou a missão científica de Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius permanecendo no Brasil entre 1817 e 1818. Nesse período, produziu uma vasta obra de registro do que viu no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Johann Moritz Rugendas (1802-1858) foi pintor alemão, que viajou por todo o Brasil durante o período de 1822 a 1825, pintando os povos e costumes que encontrou. Cursou a Academia de Belas–Artes de Munique, especializando-se em desenho. Além do Brasil, visitou outros países da América Latina, documentando, por meio de desenhos e aquarelas, a paisagem e os costumes dos povos que conheceu.


A ideia de criação de uma escola de belas-artes veio com a família real e levou algum tempo para ser realizada. Em 1816 funda-se a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, que vai sofrendo transformações no decorrer do tempo. Passa a ser chamada de Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil (1820) e Academia Imperial de Belas-Artes (1824). Mais tarde o nome foi alterado para Escola de Belas-Artes. Sua influência estende-se por mais de um século nas artes plásticas do Brasil. Deu origem ao Museu Nacional de Belas-Artes, que hoje ocupa um magnífico prédio, construído em 1909 por Adolfo Morales de lós Rios, no centro do Rio de Janeiro.

A Academia Imperial de Belas Artes abriu seus cursos em novembro de 1826. O gaúcho Manuel Araújo Porta Alegre, depois de ter sido aluno, dirigiu a Escola de Belas-Artes de 1854 a 1857. Foi professor, crítico, poeta, escritor e produziu desenhos e pinturas. Fundou o Conservatório Dramático e a Academia de Ópera Lírica do Rio de Janeiro (1837). Dedicou-se à caricatura e foi um dos seus pioneiros no Brasil, quando dirigiu a revista Lanterna Mágica (1844-1857) que, além do humor e da sátira, trazia conteúdo essencialmente político.

Artistas brasileiros como Zeferino da costa, Augusto Muller e Simplício Rodrigues de Sá formaram-se sob a influência dos artistas franceses.

COMO CITAR:

IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Missão Francesa. História das Artes, 2022. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/nobrasil/arte-no-seculo-19/missao-francesa/>. Acesso em 08 Feb 2022.

 

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Cultura Inca

 

Cultura inca

 

cultura inca é o resultado da fusão dos costumes de várias civilizações andinas.

Muitos povos se fixaram num território entre a cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico e se mantiveram isolados devido às condições geográficas.

Contudo haviam domesticado o algodão, utilizavam a cerâmica, bem como a lã da alpaca e da vicunha para se vestirem. Igualmente, seu alimento sagrado era o milho e estima-se que havia cerca de 200 espécies distintas deste grão.

Quanto aos metais, empregavam o ouro, a prata e o cobre em seus adornos e peças usadas em ritos religiosos.

Povos incas

A mais antiga civilização existente nos Andes centrais é a Caral (3000 e 1800 a. C.) contemporânea de povos como os egípcios, indianos ou chineses.

Ali também se desenvolveram os Mochicas, Chavín, Nazca, Inca, Lambayeque-Chimu, Paracas, entre tantos outros.

Religião inca

A religião inca era politeísta e aos deuses eram dedicados sacrifícios, festas e templos. Como todas as sociedades agrícolas, seus mitos, a maneira de contar o tempo e de se relacionar com o mundo estavam baseados na natureza.

Por isso, assim como os animais e as plantas, o ser humano cumpria o ciclo vital: nascer, crescer, reproduzir e morrer.

Para o povo inca existiam três mundos que eram independentes, mas se comunicavam:

Hanan Pacha (mundo de cima): onde está a informação para a agricultura através das estrelas, nuvens, sol e ventos. As aves e as águas da chuva faziam a comunicação entre os demais mundos.

Kai Pacha (mundo do meio): ali viviam os seres humanos e os animais e era o espaço onde acontecia a vida através da união dos líquidos. Exemplo: a água da chuva vinha do mundo de cima e fertilizava a terra, que proporcionaria o alimento. Os grandes felinos, como o puma, são os símbolos deste mundo.

Uku Pacha (mundo subterrâneo): onde brota a vida vegetal e onde a vida animal volta a nascer. A terra é o lugar onde germinam as sementes, mas é a última morada dos seres humanos e animais. A serpente é o bicho que representa Uku Pacha.

Os mundos também se ligavam através de fluidos como a chicha (bebida fermentada feita de milho), água e sangue.

A concepção de mundo da civilização inca se baseava na dualidade: noite/dia, homem/mulher, úmido/seco. Embora opostos, estes elementos se complementavam e esta dualidade é o que faz movimentar o mundo.

Sacrifícios humanos

Os incas realizavam sacríficos humanos e de animais a fim de conseguir boas colheitas e manter o equilíbrio entre os mundos.

As grandes cerimônias religiosas se iniciavam com um combate cujo objetivo era retirar a cobertura da cabeça do adversário. As vítimas eram despidas e levadas em procissão.

Durante a cerimônia, o sangue dos guerreiros capturados era oferecido aos grandes deuses em copos especialmente preparados para este propósito.

Costumes incas

Para os incas, não havia distinção clara entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos.

Por isso, como em outras culturas da Antiguidade, era costume enterrar os mortos com objetos que seriam úteis nesta viagem.

O corpo era colocado em posição fetal e envolvido com um tecido em espiral indicando que ele estava retornando para a terra e tornando-se uma semente que germinaria.

Da mesma forma, as múmias ancestrais incas eram desenterradas e participavam das reuniões mais importantes da comunidade sentadas junto aos mais velhos.

Sociedade inca

Os incas conseguiram dominar tantos povos graças à sua habilidade militar e política.

Um dos princípios era o da reciprocidade: os incas exigiam tributos e trabalho compulsório nas obras públicas, mas davam terras para o cultivo de acordo com o tamanho da família.

O sistema ético baseava-se na honradez, no trabalho e na lealdade ao ancestral, resumidos em três princípios:

·         Ama Sua – não seja ladrão

·         Ama Queylla – não seja preguiçoso

·         Ama Llulla – não seja mentiroso

O casamento era muito importante, pois significava o início de uma nova vida. Somente o Inca, o Imperador, podia ter mais de uma mulher.

A esposa do Inca assumia as funções de governadora enquanto o marido estivesse na guerra.

Arte inca

A arte inca estava presente nos objetos empregados para render culto aos deuses e também para enfeitar os sacerdotes e dirigentes no momento das cerimônias religiosas.

O material empregado, as estampas e as cores também revelavam a posição do indivíduo que a vestisse dentro da sociedade inca.

Tecidos incas

Uma das artes mais elaboradas dos incas são os tecidos usados de maneira cerimonial. Tanto as estampas como as cores eram escolhidas de acordo com a função para o qual estava destinado o tecido.

Um exemplo é o “manto do dragão”, da cultura paracas, que envolvia o corpo antes de ser enterrado.

Em sua superfície encontramos o dragão inca: cabeça de felino, corpo de serpente e duas patas como as aves. Está bordado em amarelo (o mundo de cima), o verde (o mudo do meio) e o negro (o mundo de abaixo) e o vermelho (o sangue, o líquido vital).

Cerâmicas incas

A cerâmica foi um material largamente empregado pelos povos incas seja para fazer utensílios domésticos, seja para serem usados em cerimônias religiosas. As vasilhas sagradas - huacos, em quéchua - eram importantes, pois estavam ligadas à água, um elemento essencial para a vida.

Poderiam ser antropomórficas (forma de humanos) ou zoomórficas (animais), símbolos representando o ciclo da vida como a espiral, a água (parada ou em movimento).

Cerâmica incaCerâmicas da cultura mochica. Fonte: Wikipédia

Adornos incas

Os adornos – braceletes, munhequeiras, tapa orelhas, peitorais, colares – eram usados nas cerimônias públicas e feitos de metais preciosos como o ouro, a prata e o cobre.

Esses objetos eram gravados com símbolos místicos como os animais que representavam os três mundos, isto é, aves, felinos e a serpente.

Música inca

Provavelmente nunca saberemos como soava a música inca. Apenas podemos adivinhar como era o som de distintos instrumentos feitos de materiais como a cerâmica e madeira, como este apito:

Sabia que temos outros textos sobre os incas? Leia também:

·         Incas: caraterísticas do Império Inca

·         Arte inca

·         Povos Pré-Colombianos

Referências Bibliográficas

El arte mochica del antiguo Perú. Oro, mitos y rituales. Exposição Caixa Forum. 2015.

Museu Larco. Lima, Peru. Consulta 17.09.2020

 

Prof. Lemuel Freire @lemuelfreire

Fontes históricas para 6° ano ensino fundamental

 As fontes históricas são os itens materiais e imateriais (ou seus vestígios) que são produzidos pela ação humana. As fontes históricas são fundamentais para que o historiador possa realizar o seu trabalho de investigação do passado humano.

Os historiadores entendem atualmente que tudo que é produzido pelo ser humano pode ser considerado uma fonte histórica, portanto, não só o texto escrito deve ser entendido como tal. Assim, pinturas, esculturas, construções, fotos, vídeos e relatos orais também são úteis para o historiador. Fontes podem ser diretas, isto é, feitas por contemporâneos, ou indiretas, produzidas na consulta das fontes diretas.

Acesse tambémArte pré-histórica - uma fonte histórica importante para os historiadores

Entendendo as fontes históricas

As fontes históricas são itens feitos pelos humanos no passado, ou vestígios desses itens, tendo função crucial no trabalho do historiador.
As fontes históricas são itens feitos pelos humanos no passado, ou vestígios desses itens, tendo função crucial no trabalho do historiador.

Um historiador tem como papel a produção de conhecimento relativo aos acontecimentos do passado da humanidade, e esse conhecimento é fundamental porque permite ao ser humano compreender a sua própria realidade com base nesse passado. Esse trabalho é feito mediante o estudo e a análise dos vestígios deixados pelos humanos de outras épocas, e a análise desses vestígios é feita por métodos desenvolvidos para auxiliarem nessa construção do conhecimento.

Esses vestígios do passado analisados pelo historiador são o que conhecemos como fontes históricas, também chamadas de documentos históricos. Nas palavras do historiador José D’Assunção Barros, as fontes históricas são itens materiais e imateriais ou vestígios deles que ajudam o historiador a construir uma compreensão acerca do passado humano|1|, pois, como defende Marc Bloch, “tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica, tudo que toca pode e deve informar sobre ele”|2|.

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Quando falamos de fontes materiais, estamos falando de vestígios concretos produzidos por mãos humanas, como textos, pinturas, fotos, filmes, roupas, construções etc. No caso das fontes imateriais, estamos falando diretamente de testemunhos obtidos de pessoas que viveram certo acontecimento histórico ou mesmo de lendas e histórias que são parte da cultura oral de um povo.

Até o século XIX, somente os documentos escritos oficiais, como o Tratado de Paris de 1783, eram considerados fontes históricas.
Até o século XIX, somente os documentos escritos oficiais, como o Tratado de Paris de 1783, eram considerados fontes históricas.

Até o século XIX, os historiadores acreditavam que o único tipo de documento válido para construção do conhecimento histórico era o escrito, sobretudo aquele produzido pelos meios oficiais, o Estado, as autoridades e os grandes homens. Essa noção foi sendo desfeita a partir do século XX, quando novos estudos mostraram que é possível construir-se conhecimento histórico com base em outras fontes.

Assim, o documento escrito continuou sendo uma importante fonte histórica, mas sua utilização ampliou-se. Não somente o documento oficial passou a ser considerado, mas também cartas pessoais, diários, relatos de viagens, obras de literatura, por exemplo, começaram a ser vistas como fontes históricas.

Outras fontes começaram a ser usadas pelos historiadores no trabalho de investigação do passado. Com isso, vestígios arqueológicos, como objetos, construções, roupas, pinturas, fotos, gravações em vídeo, filmes, músicas, testemunhos orais etc., também passaram a ser utilizados por eles.

Durante esse processo de diversificação das fontes, os historiadores também começaram uma interlocução maior com outras áreas do conhecimento, assim o que era produzido por áreas como a psicologia, a antropologia e a arqueologia, por exemplo, começou a ser utilizado no trabalho de análise das fontes históricas.

Os historiadores classificam fontes históricas como voluntárias e involuntárias. Nesse sentido, existem fontes e documentos históricos pensados e construídos de maneira proposital para registrarem determinados acontecimentos para a posteridade, enquanto outras fontes não foram necessariamente pensadas como registros para os homens do futuro.

O historiador Marc Bloch afirma que é a segunda categoria (fontes históricas involuntárias) que geralmente possui a maior confiança dos historiadores, uma vez que, por não se tratar de fontes legadas de maneira proposital, possui detalhes muito importantes para a investigação histórica. Ele ainda exemplifica apontando que documentos secretos produzidos por governos, no período de 1938 e 1939, dizem muito mais sobre os acontecimentos daquela época do que os jornais do período|3|.

Isso, no entanto, não significa que tais fontes devem ser menosprezadas, mas que existem fontes históricas que possuem informações muito mais valiosas do que outras. Por isso, o trabalho de investigação do historiador não cessa, pois quanto mais fontes forem encontradas, melhor será a interpretação produzida por esse profissional.

Leia maisO relarto de Hans Staden ajuda no entendimento da vida dos indígenas no Brasil do século XVI

Tipos de fontes históricas

Objetos pessoais, como documentos, cartas e fotos, são fontes históricas utilizadas no trabalho do historiador.
Objetos pessoais, como documentos, cartas e fotos, são fontes históricas utilizadas no trabalho do historiador.

Como vimos, os historiadores atuais fazem uso de uma série de fontes documentais, e essa utilização enriquece o conhecimento produzido. Existem diferentes tipos de fontes históricas, e José D’Assunção Barros organiza-as em quatro, que são|1|:

  • Documentos textuais: documentos oficiais, cartas pessoais e governamentais, diários, relatos de viagens, crônicas, livros literários, processos de justiça, jornais etc.
  • Vestígios arqueológicos e fontes da cultura material: referem-se a itens resgatados pela arqueologia, como construções, ruas, estátuas, objetos funerários, roupas, peças de cerâmica etc. Outros itens mais modernos e que não foram resgatados pela arqueologia também se encaixam aqui.
  • Representações pictóricas: quadros, fotos, afrescos, pinturas rupestrescharges etc.
  • Registros orais: testemunhos pessoais e mitos transmitidos oralmente de geração para geração.

Existe também uma classificação, para diferenciar-se os tipos de fontes produzidas na própria época dos acontecimentos daquelas produzidas na posteridade, com base em relatos antigos. Assim, existem fontes primárias e secundárias. Esses termos, no entanto, estão entrando em desuso e ficando mais conhecidos como fontes diretas e fontes indiretas. Portanto:

  • Fontes diretas: produzidas por pessoas na mesma época dos acontecimentos registrados.
  • Fontes indiretas: produzidas com base nos relatos e vestígios da época, portanto, as fontes indiretas constroem-se por meio das fontes diretas.

Exemplificando essa questão, no estudo da Peste Negra, podemos considerar o relato de Giovanni Boccaccio como uma fonte primária (ou direta) porque ele viveu em Florença, na Itália, durante a Peste Negra no século XV e, portanto, presenciou o que aconteceu durante essa pandemia. Agora, se formos estudar a Peste Negra com base nos estudos de historiadores modernos, como Jacques Le Goff, estaremos fazendo uso de fontes secundárias (ou indiretas).

Acesse tambémAnne Frank - jovem holandesa que tem seu diário como uma fonte do Holocausto

Exemplos de fontes históricas

Agora que ampliamos um pouco nosso conhecimento sobre fontes históricas, podemos ver alguns exemplos delas. Vejamos o seguinte relato:

Os chamados Velhos Saxões não têm rei, mas um grande número de chefes colocados à cabeça de sua nação. Em caso de guerra iminente, havia um sorteio com critérios iguais para todos; e aquele que a sorte favorecesse, era seguido como general todo o tempo de guerra; obedeciam-no, mas, finda a guerra, todos os chefes tornavam a ser iguais em poder|4|.

Esse relato sobre os chefes dos saxões — um povo germânico que se estabeleceu na região da Bretanha e em outras partes da Europa Continental — foi escrito por Beda, o Venerável, um monge anglo-saxão que viveu na Bretanha do século VII ao VIII. O relato fala dos ealdseaxe, os saxões que habitavam a Europa Continental, e pode ser considerado uma fonte documental porque foi registrado no livro História eclesiástica do povo inglês.

Xilogravura produzida por Benjamin Franklin pela união das colônias inglesas na América do Norte contra os franceses, na década de 1750.
Xilogravura produzida por Benjamin Franklin pela união das colônias inglesas na América do Norte contra os franceses, na década de 1750.

Como exemplo de fonte pictográfica, podemos considerar uma xilogravura produzida por Benjamin Franklin no século XVIII. Essa xilogravura trazia o escrito “join, or die”, que, em uma tradução livre, significa “junte-se, ou morra”, e manifestava a intenção de Franklin em unir as colônias inglesas contra os franceses na América do Norte.

Portanto, ela pode ser utilizada na análise de um determinado contexto da história das Treze Colônias que se refere à Guerra Franco-Indígena. Posteriormente, essa xilogravura tornou-se um símbolo utilizado na Revolução Americana e na Guerra Civil Americana.

Os palácios e os afrescos cretenses são importantes fontes arqueológicas para os historiadores que se dedicavam à história grega.[1]
Os palácios e os afrescos cretenses são importantes fontes arqueológicas para os historiadores que se dedicavam à história grega.[1]

Quanto às fontes arqueológicas, podemos usar como exemplo os vestígios da civilização minoica (ou civilização cretense) encontrados pelos arqueólogos na passagem do século XIX para o XX. Entre esses vestígios estão uma série de afrescos, isto é, pinturas que eram feitas nas paredes dos palácios. Esses afrescos serviram como base para os historiadores entenderem um pouco da cultura e da vida dos cretenses. O Palácio de Cnossos é um dos sítios arqueológicos mais famosos dessa civilização.

Notas

|1| BARROS, José D’Assunção. Fontes históricas: revisitando alguns aspectos primordiais para a Pesquisa Histórica. Para acessar, clique aqui.

|2| BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 79.

|3| Idem, p. 76-77.

|4| PEDREIRO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhos. São Paulo: Unesp, 2000. p. 32.

Créditos da imagem

[1] Pecold e Shutterstock

Prof. Lemuel Freire   @lemuelfreire 

 

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