terça-feira, 11 de março de 2014

Seminário discute Golpe Militar no Brasil e Revolução dos Cravos em Portugal

Atualizado em 26/02/14 16:38.
O IV Seminário Nacional do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História Contemporânea (NEPHC) e do Grupo de Pesquisa-Capitalismo e História (UFG/CNPq) será realizados nos dias 1, 2 e 3 de abril, na FH/UFG. Confira a programação.
IV Seminário Nacional do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História Contemporânea (NEPHC) e do Grupo de Pesquisa-Capitalismo e História (UFG/CNPq)
Golpe e Revolução: Brasil 1964 / Portugal 1974
PROGRAMAÇÃO:
DIA 01 DE ABRIL
9h– Conferência de Abertura: Ditadura, imprensa e historiografia: o revisionismo em questão –Profa. Dra. Carla Luciana Silva (UNIOESTE/PR).
14h–Mesa Redonda: Homenagem ao Prof. Dr. Barsanufo Gomides Borges.
Uma trajetória de pesquisa – Prof. Dr. Barsanufo Gomides Borges (FH-UFG).
Barsanufo Gomides Borges e a historiografia goiana – Prof. Dr. Cláudio Lopes Maia (CAC-UFG).
19h–Conferência: O Intelectual e a Revolução:A trajetória política de João Bernardo, personagem e intérprete da Revolução Portuguesa (1965-1978)–Prof. Dr. João Alberto da Costa Pinto (FH-UFG).

DIA 02 DE ABRIL
9h – Conferência: A institucionalização da Ditadura Militar: do golpe ao governo Médici – Prof. Dr. David Maciel (FH-UFG).
14h– Mesa Redonda: A luta contra a Ditadura em Goiás. Depoimentos de: Prof. Dr. Juarez Ferraz de Maia (FACOMB/UFG) e Marcantônio Dela Corte (ANIGO).
19h –Mesa Redonda: O golpe de 1964 no Brasil e em Goiás – Ricardo Rodrigues Alves de Lima (PPGH/UFG); Tereza Cristina Pires Fávaro (PPGH/UFG); Diego de Moraes (PPGH/UFG).

DIA 03 DE ABRIL
9h – Mesa Redonda:A Revolução dos Cravos em Portugal (1974-1978)–André Luiz dos Santos Vargas (PPGH/UFG); Danúbia Mendes Abadia (PPGH/UFG); Márcio Antônio Cruzeiro (PPGH/UFG), Tales dos Santos Pinto (PPGH/UFG).
14h – Conferência: Universidade, intelectuais e luta política em Goiás–Prof. Dr. Sérgio Paulo Moreyra (FH-UFG).
18h–Lançamento de Livros e Revistas.
19h – Conferência de Encerramento: As lutas sociais em Goiás (1960-1964) – Prof. Dr. Lúcio Flávio de Almeida (CS/NEILS/PUC/SP).
Universidade Federal de Goiás, Campus II - Faculdade de História -

segunda-feira, 10 de março de 2014

Relativismo, holismo e historicidade

O relativismo, enquanto posição filosófica, defende que o conhecimento é relativo ao sujeito que conhece ou a um ponto de vista. O corolário do relativismo cognitivo é a suposição ontológica de que a realidade não existe em si mesma, independentemente de um ponto de vista sobre ela. A questão do ponto de vista põe-se com Merleau-Ponty, nos termos da "fenomenologia da perceção": "Os "acontecimentos" são recortados por um observador finito na totalidade espácio-temporal do mundo objetivo. Mas se eu considerar este mundo em si mesmo, ele não é senão um ser indivisível que não muda. A mudança supõe um certo lugar no qual eu me coloco e donde vejo desfilarem as coisas; não existem acontecimentos sem alguém a quem eles aconteçam e cuja perspetiva finita funda a sua individualidade". A realidade é, portanto, relativa a uma perspetiva.
Também a questão, cara à Sociologia, das relações entre o indivíduo e a sociedade põe-se, em termos lógicos, do seguinte modo: o coletivo e o individual reportam-se a um ponto de vista ou a uma perspetiva. Como observa Descombes, "reencontra-se a lição de Rousseau: perante o estrangeiro, o corpo do povo torna-se um ser simples, um indivíduo". Do ponto de vista das relações entre Estados, por exemplo, o Estado não é visto como o conjunto dos cidadãos (o aspeto coletivo), mas como um todo (o aspeto individual).
Em termos das correntes sociológicas, o positivismo de Comte e de Spencer está marcado pelo relativismo.

O holismo indica que o ponto de partida para o estudo da sociedade deve ser a sociedade como um todo:  verifica sua lógica especifica, seus elementos componentes e a forma como eles se relacionam entre si, cada um desses elementos é estudado separadamente. Dessa forma, a sociedade é uma realidade maior que a soma ( ou a justaposição)  dos elementos parciais que a compõem. Por esse motivo, o indivíduo não é um elemento sociológico, embora deva ser estudado pela sociologia. A visão de conjunto, por outro lado, não pode se restringir a um único momento no tempo, devendo abarcar também o conjunto da história humana: daí a preocupação com a historicidade. Aliás, para Comte, é o fato de o ser humano ter história que o distingue dos outros animais. Não se pode recriminar uma sociedade por ela não ser como gostaríamos que fosse, mas deve-se compreender que cada sociedade tem suas próprias particularidades, que correspondem ao seu momento histórico e a sua organização específica. Uma crítica só é possível se a sociedade considerada não corresponder ás caracteristicas do seu momento histórico:  assim é que a sociedade francesa do início do século XIX era criticável porque mantinha hábitos beligerantes, teológicos e metafísicos, além de explorar sistematicamente o proletariado.

A Lei dos Três Estados

A filosofia da história, tal como a concebe Comte, é de certa forma tão idealista quanto a de Hegel. Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Como Hegel ainda, Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história. O espírito não poderia conhecer-se interiormente (Comte rejeita a introspecção, porque o sujeito do conhecimento confunde-se com o objeto estudado e porque pode descobrir-se apenas através das obras da cultura e particularmente através da história das ciências. A vida espiritual autêntica não é uma vida interior, é a atividade científica que se desenvolve através do tempo. Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da história do espírito através das ciências".

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.

b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar (²). Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. ("Ciência donde previsão, previsão donde ação").

Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.

(²) São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do "princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de "alma".



  Prof. Lemuel História da Arte O ARTISTA  EXPRESSA O SEU TEMPO, ATRAVÉS DO QUE ELE VÊ. Competência:   Compreender a arte como saber cul...