Messianismo
Na
história do Brasil, o termo messianismo é usado para dar nome aos movimentos
sociais nos quais milhares de sertanejos fundaram comunidades comandadas por um
líder religioso.
Surgiu
em áreas rurais pobres atingidas pela miséria. Seus dois principais componentes
eram a religiosidade popular do sertanejo e seu sentimento de revolta.
Na
República Velha, os dois principais exemplos de messianismo foram os movimentos
de Canudos e do Contestado.
Revolta de Canudos
Ocorreu
entre os anos de 1893-1897 na Bahia. Antônio
Conselheiro chegou em 1893 a uma velha fazenda abandonada no sertão baiano e
ali liderou a formação de Canudos. Desde os tempos do império ele fazia
pregações que atraíam multidões de moradores do sertão nordestino. Milhares de pessoas se mudaram para Canudos.
Buscavam paz e justiça em meio à fome e à seca do sertão. Comandada por Antônio Conselheiro, a
população vivia num sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o
fruto do trabalho eram repartidos. Só havia propriedade privada dos bens de uso
pessoal. Não havia cobrança de impostos nem autoridade policial. A prostituição
e a venda de bebidas alcoólicas eram rigorosamente proibidas. O povoado de Canudos tinha leis próprias,
não obedecendo ao poder público que governava o país. Representava uma
alternativa de sociedade para os sertanejos que desejavam fugir da dominação
dos grandes coronéis. Os fazendeiros
baianos e a elite política local temiam o crescimento de Canudos e passaram a
exigir providências do governo para destruir a comunidade. Os inimigos da comunidade de Canudos diziam
que ali viviam fanáticos, loucos e monarquistas. A história tradicional repetiu
essas acusações como se fossem verdades absolutas. Assim, não considerava que
um dos principais motivos que uniam os sertanejos de Canudos era a necessidade
de fugir da fome e da violência. A
religiosidade foi a forma encontrada pelos sertanejos para traduzir sua revolta
e sua vontade de construir uma ordem social diferente. A destruição de Canudos
Como
as tropas dos coronéis locais e do governo estadual baiano não conseguiram
esmagar as forças de Canudos, o governo federal entrou na luta. Várias tropas
militares enviadas pelo poder central foram derrotadas. Um poderoso exército de
7 mil homens foi organizado pelo próprio ministro da Guerra. Canudos foi
completamente destruído em 5 de outubro de 1897; mais de 5 mil casas foram
incendiadas pelo exército.
Guerra do Contestado
Ocorreu
entre os anos de 1912 a 1916, na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, numa
região contestada (disputada) pelos dois estados. Nessa área, era grande o
número de sertanejos sem-terra e famintos que trabalhavam sob duras condições
para os fazendeiros locais e duas empresas norte-americanas que atuavam
ali. Os sertanejos de Contestado
começaram a se organizar sob a liderança de um “monge” chamado João Maria. Após
sua morte, surgiu em seu lugar um outro “monge”, conhecido como José Maria
(Miguel Lucena Boaventura). Reuniu mais
de 20 mil sertanejos e fundou com eles alguns povoados que compunham a chamada
“Monarquia Celeste”. A “monarquia” do Contestado tinha um governo próprio e
normas igualitárias, não obedecendo às ordens emanadas das autoridades da
república. Os sertanejos do Contestado
foram violentamente perseguidos pelos coronéis-fazendeiros e pelos donos das
empresas estrangeiras, com o apoio das tropas do governo. O objetivo era
destruir a organização comunitária dos sertanejos e expulsá-los das terras que ocupavam. Em novembro de 1912, o monge Jose Maria foi
morto em combate e “santificado” pelos moradores da região. Seus seguidores,
criaram novos núcleos que foram, combatidos e destruídos pelas tropas do
exercito brasileiro. Os últimos núcleos
foram arrasados por tropas de 7 mil homens armados.
Cangaço: Revolta e
Violência no Nordeste
Ocorreu
entre os anos de 1870 a 1940 (setenta anos), no Nordeste do Brasil. Para alguns pesquisadores, ele foi uma forma
pura e simples de banditismo e criminalidade. Para outros foi uma forma de
banditismo social, isto é, uma forma de revolta reconhecida como algo legítimo
pelas pessoas que vivem em condições semelhantes. Motivos para o acontecimento do cangaço: Miséria, fome, secas e injustiças dos
coronéis-fazendeiros produziram no semi-árido do Nordeste um cenário favorável
à formatação de grupos armados conhecidos como cangaceiros. Os cangaceiros
praticavam crimes, assaltavam fazendas e matavam pessoas. Os dois mais importantes bandos do cangaço
foi o de Antônio Silvino e o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o “Rei
do Cangaço”. Depois que a polícia
massacrou o “bando de Lampião”, em 1938, o cangaço praticamente desapareceu do
Nordeste.
Revolta da Vacina
No
governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), o Rio de Janeiro, era uma
cidade no qual a população enfrentava graves problemas: pobreza, desemprego,
lixo amontoado nas ruas, muitos ratos e mosquitos transmissores de doenças.
Milhares de pessoas morriam em conseqüência de epidemias como febre amarela,
peste bubônica e varíola. Os primeiro
governos republicanos queriam transformar o Rio de Janeiro na “capital do
progresso”, que mostrasse ao país e ao mundo “o novo tempo” da República. Coube
ao presidente Rodrigues Alves a decisão de reformar e modernizar o Rio de
Janeiro. Os cortiços e os casebres dos
bairros centrais foram demolidos. A população foi desalojada e passou a morar
em barracos nos morros do centro ou em bairros distantes do subúrbio. Combater as epidemias era um dos principais
objetivos do governo; o medico Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública,
convenceu o presidente a decretar a lei da vacinação obrigatória contra a
varíola. A população não foi
esclarecida sobre a necessidade da vacina. Diversos setores da sociedade
reagiram à vacina obrigatória: havia os que defendiam que a aplicação de
injeções em mulheres era imoral, ou que a obrigatoriedade ia contra a liberdade
individual. Outros, não compreendiam como uma doença poderia ser evitada com a
introdução de seu próprio vírus no corpo.
Revolta da Chibata
Ocorreu
no Rio de Janeiro, foram os marinheiros que se revoltaram contra os terríveis
castigos físicos a que eram submetidos. Ficou
conhecido como Revolta da Chibata, porque os marinheiros queriam mudanças no
Código de Disciplina da Marinha, que punia as faltas graves dos marinheiros com
25 chibatadas. Além dos castigos físicos, os marinheiros reclamavam de má
alimentação e dos miseráveis salários que recebiam.
Tenentismo
Foi
o movimento político-militar que, pela luta armada, pretendia conquistar o
poder e fazer reformas na República Velha. Era liderado por jovens oficiais das
Forças Armadas, principalmente tenentes.
Principais propostas do Tenentismo:
Queriam a moralização da administração pública; Queriam o fim da corrupção eleitoral; Reivindicavam o voto secreto e uma justiça
Eleitoral confiável; Defendiam a
economia nacional contra a exploração das empresas e do capital
estrangeiro; Desejavam uma reforma na
educação pública para que o ensino fosse gratuito e obrigatório para todos os
brasileiros. A maioria das propostas
contava com a simpatia de grande parte das classes médias urbanas, dos produtos
rurais que não pertenciam ao grupo que estava no poder e de alguns empresários
da indústria.
Revolta do Forte de
Copacabana
Tropas
do governo cercaram o Forte de Copacabana, isolando os rebeldes. Dezessete
tenentes e um civil saíram para as ruas num combate corpo-a-corpo com as tropas
do governo. Dessa luta suicida, só dois escaparam com vida: os tenentes Eduardo
Gomes e Siqueira Campos. O episódio
ficou conhecido como Os Dezoito do Forte.
Revoltas de 1924 Dois anos depois
da Primeira Revolta ocorreram novas rebeliões tenentistas em regiões como o Rio
Grande do Sul e São Paulo.
Depois
de ocupar a capital paulista, as tropas tenentistas abandonaram suas posições
diante da ofensiva armada do governo.
Com
uma numerosa tropa de mil homens, os rebeldes formaram a coluna paulista, que
seguiu em direção ao sul do país, ao encontro de outra coluna militar
tenentista, liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes.
Coluna Prestes
As
duas forças tenentistas uniram-se e decidiram percorrer o interior do país,
procurando apoio popular para novas revoltas contra o governo. Nascia aí a
Coluna Prestes, pois ambas tropas eram lideradas por Prestes.
Durante
mais de dois anos (1924 a 1926), a Coluna Prestes percorreu 24 mil quilômetros
através de 12 estados. O governo perseguia as tropas da Coluna Prestes que, por
meio de manobras militares, conseguia escapar. Em 1926 os homens que
permaneciam na Coluna Prestes decidiram ingressar na Bolívia e desfazer a
tropa.
A
Coluna Prestes não conseguiu provocar revoltas capazes de ameaçar seriamente o
governo, mas também não foi derrotada por eles. Isso demonstrava que o poder na
República Velha não era tão inatacável.